Paulo Maias

Imagens obtidas a partir da renderização de modelos 3D, que por sua vez foram desenvolvidos no Rhinoceros, que integram duas fotografias que correspondem a pinturas de óleo sobre tela, sem título, com as dimensões de 120x90cm e 70x80cm, 2020.

O Infinito Enclausurado

O ponto de partida para o trabalho de investigação e para esta primeira exposição é um exercício de ficção que aborda a ideia de narrativa dentro da narrativa e que tem o espelho como artificio catalisador da mesma. A técnica ou estratégia a utilizar será o mise en abyme1, que consiste em imagens ou objetos que contêm cópias de si próprios, numa sequência aparentemente infinita (Halonen, 2015).
Ao longo da história da arte que o espelho foi um elemento a partir do qual se abriram novas perspetivas, vejam-se os exemplos do “Casal Alnorfini” de Jan Van Eick, datado da primeira metade do século XV, passando pelas “Las Meninas” de Vélazquez, século XVII, até à série Refractions de Robert Morris, desenvolvida a partir da década de sessenta do século XX, em que o mesmo permite devolver ao observador outros planos e personagens no seio do mesmo enquadramento. Nos interstícios da realidade existe um universo que funciona numa escala nano e que pode ser habitado (Hoyer, 2015).
A arte do pós-guerra, baseada na fotografia, encara a imagem enquanto referente ou simulacro (Foster, 2017). As caixas sobrepostas, bem como as imagens justapostas, funcionarão como camadas, permitindo assim experienciar os múltiplos espaços (Halonen, 2015). Estarão assim criadas as condições para que novos mundos surjam no seio dos próprios mundos.
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1 Termo empregue pela primeira vez pelo escritor francês André Gide (1869-1951), na obra intitulada Journal 1889-1939 e que se refere a narrativas que contêm outras narrativas dentro de si.

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