Raguel Felgueiras

Loop ensimesmado / Self-absorbed loop

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É um loop, um ciclo, um movimento circular que se encerra ao chegar onde começou. Recomeça. Repete. Vivemos em confinamento por um período de tempo… vivemos fechados nas nossas próprias projecções há muito mais tempo… Num mundo onde renascem discursos que apelam a identidades coletivas estanques e imutáveis, que devem ser protegidas e reerguidas como hegemónicas. Uma apologia da fortaleza e do encerramento das comunidades dentro de muros, delimitando fronteiras físicas ou imaginárias, validadas hoje pelo microscópio.
Paralelamente, vivemos num mundo altamente vigiado, onde a falta de privacidade ou o esbater dos limites entre o privado e o público, determinam um constante fechamento do indivíduo apesar da aparente conexão, “proximidade” e um sem fim de possibilidades de estabelecer relações, que ultrapassam as barreiras do espaço e do tempo. O confinamento tornou ainda mais evidente a solidão que esta aparente proximidade nos provoca. Uma tensão constante entre a identidade individual e as múltiplas identidades de grupo, entre o local e o global, entre o interior e o exterior, o real e o virtual.
A linguagem binária regula uma parte significativa das nossas experiências quotidianas e parece ter permeado também a nossa identidade. Zero e um são hoje os números mais importantes, gerem os nossos loops, constroem a nossa roda. Que roda construir, para qual hamster? É um loop, um ciclo, um movimento circular que se encerra ao chegar onde começou. Recomeça. Repete.

It is a loop, a cycle, a circular movement ending when it reaches where it started. Restart. Repeat. We live in confinement for a period of time… we have been living enclosed in our own projections for much longer… In a world where discourses appealing to solid and inflexible collective identities arise, which must be protected and restored as hegemonic. Promoting fortresses and the enclosure of communities within walls, creating physical or imaginary borders, validated today by the microscope.
At the same time, we live in a highly surveilled world, where the lack of privacy or the blurriness between private and public determine a constant closure of the self despite all the connectivity, proximity and never ending possibilities of networking, which go beyond space and time barriers. Confinement made the solitude that this apparent proximity creates more visible. A constant tension between individual identity and the several group identities, between local and global, interior and exterior, reality and virtual.
The binary language controls a significant part of our daily experiences and seems to have also infused our identity. Today, zero and one are the most important numbers, they rule our loops, build our wheel. Which wheel to build for which hamster? It is a loop, a cycle, a circular movement ending when it reaches where it started. Restart. Repeat.

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